O enfisema em cavalos, também conhecido como doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC), é uma doença respiratória comum que pode afetar significativamente a qualidade de vida de um animal. A doença caracteriza-se por uma inflamação crónica das vias respiratórias, que conduz à obstrução do fluxo de ar e a dificuldades respiratórias. O tratamento de um cavalo enfisematoso exige uma abordagem multidisciplinar que inclui adaptações ambientais, tratamentos medicamentosos e uma monitorização rigorosa.
Gestão ambiental
O enfisema nos cavalos, ou doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC), requer um tratamento higiénico para melhorar a qualidade de vida do animal. Este tipo de tratamento não medicamentoso consiste em alterar os hábitos do cavalo para limitar a exposição a substâncias irritantes, nomeadamente poeiras.
As recomendações para os proprietários incluem:
- Reduzir a exposição ao pó: Se o cavalo vive num estábulo, o ideal é levá-lo para o pasto todos os dias. Evite cobrir o estábulo com palha; utilize aparas de madeira sem pó como cama e certifique-se de que o estábulo é bem ventilado. Para o trabalho, privilegie as zonas exteriores ou os cercados bem regados. Regar os piquetes com terra ou areia no verão para limitar o pó. Se o cavalo viver no pasto, evite usar bolas redondas. Limpar regularmente os estábulos para limitar as emissões de amoníaco.
- Evitar substâncias irritantes: Não varrer o estábulo quando o cavalo está no seu estábulo; fazê-lo quando o cavalo está no prado. Mantenha o cavalo afastado de pilhas de palha e estrume, que são fontes de poeira e bolor.
- Manter um ambiente limpo: Limpe regularmente o pó do estábulo, incluindo os tectos, levando primeiro o cavalo para fora. Utilize aparas de madeira como cama para limitar o pó e o amoníaco.
- Adaptar o estilo de vida e de trabalho: Reduzir os treinos no inverno, quando os sintomas são mais graves. Assegurar um bom aquecimento e pausas regulares durante as sessões de trabalho. Se o cavalo estiver gravemente afetado, trabalhe lentamente para melhorar a oxigenação muscular.
A chave para o sucesso reside na redução da exposição ao pó. Um cavalo com enfisema pode ver uma redução significativa dos seus sintomas com uma gestão adequada do seu ambiente e uma atenção constante ao seu bem-estar.
O papel da alimentação
Para melhorar a saúde respiratória de um cavalo com enfisema, é essencial modificar a sua dieta. Deixar de alimentar com feno seco.
- Fenosem pó: Utilizar um purificador de feno para remover o pó. Se tal não for possível, humedeça o feno deixando-o de molho durante pelo menos 30 minutos antes de o alimentar, ou opte por fenoembrulhado, que é menos poeirento mas mais rico.
- Fenode qualidade: Escolha feno de qualidade que esteja bem seco quando enfardado. Evite o feno mal preparado ou conservado, que contém mais pó e bolores, que podem desencadear ataques alérgicos.
- Métodos de distribuição: Distribua o feno no chão e não por cima da cabeça para reduzir a inalação de poeiras. Utilizar sacos de feno para minimizar a dispersão das partículas.
- Alternativas ao feno: Substitua o feno por alfafa (cubos), pellets de feno, feno hidropónico,silagem de erva ouerva fresca. Estas alternativas são menos poeirentas e satisfazem as necessidades nutricionais do cavalo.
- Precauções: Quando utilizar feno demolhado, tenha o cuidado de não o demolhar durante mais de 30 a 60 minutos para evitar a proliferação de bactérias e a perda de nutrientes. Outra opção é a cozedura a vapor, que permite esterilizar o feno sem alterar o seu valor nutritivo.
Ao adaptar a dieta e reduzir a exposição ao pó, a gestão do enfisema em cavalos pode ser consideravelmente melhorada, aumentando o seu bem-estar e desempenho.
Tratamentos medicamentosos
Os tratamentos medicamentosos têm como objetivo melhorar o conforto do cavalo, tratando os vários sintomas do enfisema:
- Anti-inflamatórios (corticosteróides): Reduzem a inflamação dos pulmões. Administrados principalmente por injeção em doses decrescentes, os corticosteróides podem causar efeitos indesejáveis a longo prazo. A nebulização é preferida para minimizar estes efeitos, embora seja mais restritiva e dispendiosa. A nebulização permite combinar os corticosteróides com soluções à base de plantas ou de óleos essenciais para melhorar a respiração, ou mesmo substituir completamente os anti-inflamatórios.
- Broncodilatadores: melhoram o fluxo de ar tratandoa obstrução dos brônquios. São administrados sob a forma de xarope, mas podem ser dispendiosos para tratamentos a longo prazo.
- Mucolíticos: reduzem a secreção de muco e facilitam a sua excreção.
Em caso de emergência, os tratamentos podem incluir antialérgicos potentes e produtos que aumentam o diâmetro dos brônquios, injectados diretamente na veia do cavalo. Os veterinários também prescrevem tratamentos em aerossol ou orais. Para os casos avançados, recomendam corticosteróides para reduzir rapidamente a inflamação aguda, frequentemente complementados por broncodilatadores para melhorar a eficiência respiratória.
No entanto, estes tratamentos não são adequados para uma utilização prolongada devido aos seus numerosos efeitos secundários. As doses de corticosteróides devem ser reduzidas gradualmente. Os broncodilatadores devem ser utilizados concomitantemente com os corticosteróides para evitar a perda de eficácia.
Para ser verdadeiramente eficaz, este tratamento médico deve ser sempre acompanhado de medidas ambientais adequadas.
Gestão natural
Para apoiar a função respiratória e limitar a tosse em cavalos com enfisema, existem muitos suplementos de ervas disponíveis, concebidos para minimizar a utilização de moléculas químicas. Os alimentos suplementares concebidos para cavalos que vivem em ambientes poeirentos ou ricos em pólen contêm frequentemente plantas adequadas.
- Nigella (cominho preto): Este óleo rico em ómega tem propriedades broncodilatadoras e anti-alérgicas.
- Coltsfoot: rico em mucilagem, é um remédio eficaz para a tosse crónica.
- Tomilho: ajuda o sistema respiratório a funcionar corretamente, sendo particularmente benéfico em ambientes poeirentos.
- Marshmallow: utilizado para acalmar as vias respiratórias graças ao seu elevado teor de mucilagem.
- Boswellia serrata: Possui propriedades calmantes graças ao seuácido boswelico.
- Alcaçuz: contém saponósidos como a glicirrizina, que liquefaz as secreções nasais e brônquicas.
A toma de um suplemento de ácidos gordos ómega 3 é igualmente recomendada pelas suas propriedades anti-inflamatórias. Estudos mostram que uma dose diária de 1,5 g de ácido docosahexaenóico (DHA) durante 2 meses, associada a um ambiente com pouca poeira, melhora significativamente os sinais clínicos e reduz a inflamação respiratória.
A utilização de fitoterapia e de suplementos como a banana-da-terra (antialérgica) e aequinácea (imunomoduladora) pode também ser benéfica no tratamento do enfisema. Para a inalação, recomenda-se começar com chás de ervas (tomilho, eucalipto) e depois hidrolatos (tomilho, hissopo, eucalipto). Os óleos essenciais de eucalipto, hortelã-pimenta, alecrim, tomilho, cipreste e camomila podem ser utilizados em inalações para melhorar a respiração, mas apenas como último recurso. Na gemoterapia, a groselha e a silva são recomendadas pelas suas propriedades anti-inflamatórias e pela sua capacidade de oxigenar os tecidos respiratórios.