O vitiligo é uma doença autoimune que se caracteriza por uma perda de pigmentação da pele, resultando em manchas brancas em várias partes do corpo. Embora o seu tratamento seja muitas vezes complexo, a incorporação de suplementos alimentares naturais pode ajudar a estimular a repigmentação e a retardar a progressão da doença.
O papel das vitaminas no tratamento do vitiligo
O tratamento do vitiligo com suplementos alimentares revelou-se prometedor em numerosos estudos. As vitaminas desempenham um papel fundamental na síntese da melanina e no reforço do sistema imunitário, ajudando a retardar a progressão desta doença autoimune. Aqui está uma visão detalhada das vitaminas essenciais e do seu papel no tratamento do vitiligo.
Vitamina B12 e ácido fólico: aliados da pigmentação
A vitamina B12, ou cobalamina, e o ácido fólico (vitamina B9) são nutrientes essenciais para a síntese do ADN e para a produção de melanina. Um estudo realizado no Birmingham Medical Centre revelou que os doentes com vitiligo que apresentavam níveis baixos destas vitaminas registaram melhorias significativas após a toma regular de suplementos. Associada a uma exposição solar controlada, esta suplementação favoreceu a repigmentação das zonas despigmentadas.
Os mecanismos subjacentes parecem estar ligados a uma melhoria da viabilidade dos melanócitos, as células responsáveis pela produção de melanina. Estes resultados indicam que a toma regular de vitamina B12 e de ácido fólico poderia não só abrandar a progressão do vitiligo, como também inverter os seus efeitos em determinados casos.
A vitamina D: um modulador imunitário essencial
A vitamina D é crucial para o bom funcionamento do sistema imunitário. No contexto do vitiligo, actua regulando as respostas auto-imunes e estimulando a produção de melanina através dos seus receptores específicos nos melanócitos. Um estudo-piloto mostrou que a administração de 35 000 UI de vitamina D3 durante um período de seis meses provocou uma repigmentação significativa em 14 de 16 pacientes, com resultados que variaram entre 25% e 75%.
A importância da vitamina D reside também na sua capacidade de reduzir o stress oxidativo, um fator agravante da destruição das células pigmentares. A toma de um suplemento adequado de vitamina D, nomeadamente nos doentes com carência de vitamina D, é portanto altamente recomendada no âmbito de um tratamento holístico do vitiligo.
Cuidado com a vitamina C
Ao contrário das vitaminas anteriores, a vitamina C deve ser consumida com precaução pelos doentes com vitiligo. Embora as suas propriedades antioxidantes sejam geralmente benéficas, pode inibir a síntese da melanina, o que torna a sua utilização contra-indicada neste contexto.
Quais são os minerais indispensáveis à repigmentação?
Os minerais desempenham um papel crucial no processo de repigmentação e na proteção dos melanócitos. Estão envolvidos em mecanismos enzimáticos vitais que permitem a produção de melanina e ajudam a proteger as células contra os danos oxidativos. Aqui está uma visão geral dos minerais mais importantes para apoiar o tratamento do vitiligo.
Zinco: um poderoso protetor contra o stress oxidativo
O zinco é um mineral essencial envolvido em muitas funções biológicas, incluindo a regulação de várias enzimas antioxidantes. Uma destas enzimas, a superóxido dismutase, desempenha um papel fundamental na neutralização dos radicais livres que podem danificar os melanócitos. Ao proteger estas células contra o stress oxidativo, o zinco ajuda a preservar a sua função de produção de melanina.
Estudos realizados mostraram que a toma de suplementos de zinco, quando associada a esteróides tópicos ou à fototerapia UV-B, pode melhorar significativamente a repigmentação das zonas afectadas pelo vitiligo. Além disso, o zinco ajuda a reduzir a inflamação, um fator frequentemente implicado na progressão da doença.
No entanto, é importante notar que doses excessivas de zinco podem causar efeitos secundários, nomeadamente problemas gastrointestinais. A toma de suplementos deve, por conseguinte, ser supervisionada por um profissional de saúde.
Cobre: um cofator chave na síntese da melanina
O cobre, embora menos utilizado no tratamento do vitiligo, desempenha um papel essencial como cofator enzimático. Está envolvido na ativação da tirosinase, uma enzima crucial para a síntese da melanina. Por conseguinte, são necessários níveis adequados de cobre para garantir o funcionamento ótimo deste processo.
Embora a investigação seja ainda limitada, alguns estudos sugerem que a deficiência de cobre pode estar associada a uma redução da pigmentação. Por conseguinte, manter uma ingestão adequada de cobre através da dieta ou de suplementos pode ter benefícios significativos para os doentes com vitiligo.
As principais fontes alimentares de cobre incluem :
- Frutos do mar, como as ostras.
- Frutos secos e sementes, particularmente castanha de caju e sementes de girassol.
- Leguminosas e cereais integrais.
Plantas medicinais e extractos naturais: uma abordagem complementar no tratamento do vitiligo
Para além das vitaminas e dos minerais, certas plantas medicinais apresentam vantagens significativas no tratamento do vitiligo. Graças às suas propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e imunomoduladoras, desempenham um papel fundamental na proteção dos melanócitos e na melhoria da repigmentação.
Ginkgo biloba: um potente antioxidante contra o stress oxidativo
O Ginkgo biloba é uma planta milenar reconhecida pelos seus inúmeros benefícios para a saúde, nomeadamente no tratamento de doenças ligadas ao stress oxidativo, como o vitiligo. Esta planta actua principalmente reduzindo a atividade dos radicais livres, que danificam as células pigmentares.
Um ensaio clínico mostrou que a administração de 60 mg de Ginkgo biloba duas vezes por dia durante 12 semanas atrasou a progressão do vitiligo em 80% dos pacientes participantes. Além disso, alguns deles registaram uma repigmentação parcial, nomeadamente em zonas como o rosto e o pescoço (1)
As propriedades anti-inflamatórias desta planta contribuem igualmente para modular a resposta imunitária, limitando o ataque autoimune contra os melanócitos. Além disso, o seu efeito ansiolítico poderia ajudar a reduzir os factores de stress emocional, conhecidos por exacerbar o vitiligo em certos pacientes.
Polypodium leucotomos: um escudo natural contra os raios UV
O Polypodium leucotomos é um extrato de feto tropical que ganhou popularidade no tratamento de doenças da pele, incluindo o vitiligo. Os seus principais benefícios residem nos seus efeitos fotoprotectores e imunomoduladores, tornando-o um complemento ideal da fototerapia UV-B.
A investigação mostra que esta planta melhora a tolerância da pele aos raios UV, aumentando simultaneamente a eficácia dos tratamentos à base de luz. Isto é particularmente relevante para os doentes com vitiligo, uma vez que a exposição aos raios UV é frequentemente utilizada para estimular a repigmentação. Um estudo revelou que os pacientes que tomaram um suplemento de Polypodium leucotomos juntamente com sessões de fototerapia registaram uma repigmentação acelerada e menos efeitos secundários associados à exposição aos raios UV. (1)
Para além do seu efeito fotoprotector, o Polypodium leucotomos actua como um potente antioxidante e ajuda a regular as respostas imunitárias, reduzindo a inflamação e protegendo os melanócitos.
Como é que estas plantas podem ser utilizadas no tratamento do vitiligo?
Para tirar o máximo partido dos benefícios do Ginkgo biloba e do Polypodium leucotomos, é essencial utilizá-los no âmbito de um protocolo de tratamento global, em complemento de outras intervenções como as terapias tópicas ou a fototerapia. Recomenda-se vivamente a consulta de um profissional de saúde para determinar a dosagem e a duração ideais.
Fonte de informação:
- Dutta RR, Kumar T, Ingole N. Dieta e Vitiligo: a história até agora. Cureus. 2022 Aug 28;14(8):e28516. doi: 10.7759/cureus.28516. PMID: 36185835; PMCID: PMC9515252.