Óleo essencial de tomilho Linalol: um elixir aromático de suave poder natural

O óleo essencial de Tomilho Linalol, derivado do Thymus vulgaris ct linalol, é um elixir polivalente no arsenal da fitoterapia moderna. Conhecido pela sua composição única e pelas suas diversas propriedades terapêuticas, este óleo essencial destaca-se pela sua suavidade e eficácia. Este artigo tem como objetivo explorar em pormenor as características botânicas, os benefícios para a saúde e as diversas aplicações do óleo essencial de Tomilho Linalol, com base em dados científicos actuais.

Iremos abordar as suas origens, a sua composição química específica e o seu papel em diversos contextos terapêuticos. Do seu impacto antimicrobiano aos seus efeitos neurotónicos, todos os aspectos serão examinados para compreender por que razão o óleo de tomilho Linalol está a tornar-se cada vez mais popular no mundo da saúde natural e do bem-estar. Além disso, destacaremos os métodos de utilização, as dosagens recomendadas e as precauções a tomar para uma utilização óptima e segura.

Este guia completo não só fornecerá informações valiosas para os entusiastas da aromaterapia e profissionais de saúde, mas também para qualquer pessoa que deseje enriquecer o seu kit de cuidados naturais com um óleo essencial versátil e eficaz.

Quais são as características do Thyme ct Linalol?

O tomilho ct linalol, do seu nome botânico Thymus vulgaris ct linalol, pertence à família das Lamiaceae.

Quais são os seus atributos botânicos?

OThymus vulgaris L., também conhecido como Tomilho ou Farigoule, é um subarbusto que mede entre 10 e 30 cm. Distingue-se pela sua pigmentação verde, que varia entre tons esbranquiçados e acinzentados, e pelo seu perfume muito aromático. Os caules lenhosos da planta são erectos ou ascendentes, não se enraízam e são retorcidos, formando um arbusto compacto e densamente aglomerado.

Os ramos são tomentosos e esbranquiçados em todos os lados. Em contrapartida, as folhas relativamente pequenas são lanceoladas-romboides ou lineares, com pontas obtusas e bordos enrolados. Não são ciliadas na base e apresentam um tomentoso curto e denso na face inferior. A espécie floresce entre abril e julho. As flores do tomilho são cor-de-rosa ou brancas, dispostas em cabeças globulares ou em espigas com espirais inferiores separadas. O cálice, peludo, tem um tubo ligeiramente curvado na base.

Qual é o seu habitat e distribuição?

No que diz respeito à sua ecologia, o Thymus vulgaris é comummente encontrado em ambientes secos e áridos no sul de França. A sua distribuição estende-se a zonas como os Hautes-Alpes, Drôme, Lozère e Aveyron. Encontra-se também em Espanha, nas Ilhas Baleares e em Itália.

O Thymus vulgaris é muito utilizado no sector cultivado, onde aparece por vezes como planta subespontânea.

No que diz respeito às suas preferências ambientais, o tomilho vulgar prefere os solos ligeiramente ácidos, bem drenados, rochosos e expostos a uma luz solar direta abundante. No entanto, adapta-se bem aos solos alcalinos, filtrantes, leves ou compactos, ligeiramente húmidos e frescos.

Fitossociologicamente, o Thymus vulgaris é originário de ambientes áridos e calcários da bacia mediterrânica. Após o Neolítico, a floresta foi conquistada. A pastorícia de corte e queima e o tratamento da talhadia perpetuaram esta situação. O seu predomínio e a sua expansão são evidentes nas zonas antropizadas. Exemplos disso são os baldios, os campos abandonados e as zonas de proteção contra incêndios. Também se desenvolve em taludes de estradas e caminhos-de-ferro, graças às suas notáveis propriedades alelopáticas.

Como é induzido o quimiotipo?

É também de referir que o tomilho se subdivide em diferentes quimiotipos. A variabilidade é influenciada por factores ambientais e climáticos. Estes incluem a altitude, o solo e o fotoperíodo. Por exemplo, o quimiotipo timol, que é o mais abundante, distingue-se pelo seu habitat a baixa altitude. O quimiotipo linalol, por outro lado, cresce em habitats de média altitude, com uma presença predominante nos Alpes e no Midi. Estudos fitoquímicos revelaram uma diversidade de compostos nos óleos essenciais de diferentes populações de Thymus vulgaris, confirmando uma variabilidade intra-específica significativa.

O quimiotipo de Thymus vulgaris conhecido como “linalol” distingue-se dos outros quimiotipos pela sua morfologia mais ramificada e arbustiva. A sua estatura é mais pequena e compacta. Embora o tomilho seja originário dos países da bacia mediterrânica e dos territórios limítrofes sob influência climática mediterrânica, demonstrou, no entanto, uma capacidade de adaptação e de desenvolvimento nas regiões subtropicais, quentes ou temperadas, nomeadamente na Europa e na América do Norte.

Quais são as utilizações do óleo essencial de tomilho CT linalol?

O óleo essencial de tomilho linalol distingue-se pela sua rica diversidade de moléculas activas, como o linalol, o terpinen-4-ol e o acetato de linalilo, que lhe conferem um leque importante de propriedades terapêuticas.

Como actua?

O óleo essencial de tomilho CT linalol possui vários constituintes bioquímicos:

  • Monoterpenóis (~70%): linalol, geraniol, terpineol-4-ol
  • Ésteres terpénicos (~16%): acetato de linalilo
  • Monoterpenos (~6%)
  • Sesquierpenos (~4%)
  • Óxidos de terpenos (~2%)

As propriedades antimicrobianas do óleo podem ser largamente atribuídas ao linalol e aos álcoois monoterpenos. Eles mostram uma inibição significativa contra várias estirpes bacterianas, incluindo Campylobacter jejuni e Escherichia coli. A mesma composição molecular também promove uma atividade antiviral pronunciada. Este facto reforça o potencial do óleo para neutralizar as ameaças virais.

Ao mesmo tempo, a eficácia antifúngica do óleo essencial é especificamente expressiva contra Candida albicans. Este óleo essencial tem, portanto, potencial para tratar infecções fúngicas. O perfil antiparasitário do óleo, destacando as suas propriedades parasiticidas e vermífugas, revela-se eficaz contra uma série de parasitas, como as ténias e os vermes. Neurologicamente, as propriedades neurotónicas do óleo sugerem uma estimulação benéfica do sistema nervoso central e de outros componentes neuronais, promovendo o seu estatuto de tónico psíquico.

Para além destes atributos primários, o óleo também engloba uma série de propriedades secundárias. Estas incluem efeitos antiespasmódicos e uterotónicos, bem como propriedades afrodisíacas e positivas.

Embora apoiada por estudos, a aplicação e utilização deste óleo essencial deve ser escrupulosamente supervisionada por um profissional de saúde. Isto para garantir uma abordagem segura e pertinente às especificidades individuais e contextuais. O vasto leque de propriedades do óleo essencial de Tomilho Linalol torna-o um candidato potencial para utilização numa variedade de cenários terapêuticos e farmacológicos.

Quais são as suas indicações?

O óleo essencial de Tomilho com quimiotipo linalol é reconhecido, tanto no meio científico como no meio tradicional, por um conjunto de propriedades e aplicações distintas que lhe são atribuídas, nomeadamente nos domínios terapêutico, cosmético e energético.

Quais são as suas propriedades cientificamente comprovadas?

  • É apreciada pela sua ação anti-infecciosa suave, o que a torna uma escolha inicial pertinente para as patologias crónicas.
  • Actua como agenteantibacteriano e antiviral.
  • As suas propriedades incluem igualmente uma ação antifúngica, antiparasitária e desparasitante.
  • Actua como parasiticida, visando em particular os vermes redondos, os vermes do pinheiro e a taenia.
  • É um tónico físico e, em menor grau, sexual.
  • Tem uma ação uterotónica.
  • Pode atuar como um antiespasmódico ligeiro.
  • Este óleo essencial é adequado para uso pediátrico.

Quais são as suas indicações tradicionais?

  • É utilizado no tratamento de infecções intestinais como a gastrite, a enterocolite bacteriana, a candidíase e a colite parasitária.
  • Intervém nas infecções pulmonares como a bronquite, a faringite, a tosse, a tuberculose, a pneumonia e a pleurisia.
  • É utilizada para aliviar as afecções dermatológicas, nomeadamente a psoríase, as verrugas, as micoses e as dermatoses infecciosas.
  • Pode ser uma mais-valia no tratamento dasinfecções ginecológicas e urinárias: cistite, candidíase genital, pielonefrite, prostatite, vaginite e salpingite.
  • Ajuda nas fases de fadiga física e nervosa, bem como nos períodos de convalescença
  • É utilizado como adjuvante nos casos de diabetes.

Para que é utilizado o tomilho na cosmética e na energia?

O óleo essencial de tomilho é por vezes utilizado em cosmética:

  • É utilizado para tratar vários problemas de pele.
  • É uma boa escolha para tratar a pele com tendência para o acne e a pele mista a oleosa.
  • Também é utilizado para tratar o cabelo oleoso.

O tomilho tem também poderes energéticos:

  • É conhecido pela sua capacidade de positivar o ambiente emocional.
  • É neurotónico e estimulante.
  • Tem propriedades anti-depressivas.
  • Dá apoio em caso de dificuldades de comunicação.
  • Favorece a extroversão.

O óleo essencial de tomilho ct linalol reúne assim uma variedade de propriedades que o tornam pertinente numa série de aplicações, lembrando ao mesmo tempo a necessidade de uma utilização informada e, se possível, supervisionada por um profissional de saúde.

Como utilizar este óleo essencial quimiotipado?

É essencial determinar a dosagem correcta e compreender as precauções a tomar quando se utiliza o óleo essencial de Tomilho ct linalol, em particular devido ao seu elevado teor de compostos bioactivos específicos.

Que dosagem escolher?

O óleo essencial de tomilho linalol é uma opção em diversos contextos terapêuticos, graças às suas múltiplas propriedades.

  • Para uma série de infecções,a administração oral é comum em adultos e crianças com mais de 6 anos. Os profissionais associam frequentemente este óleo a outros óleos essenciais para otimizar a eficácia do tratamento.
  • Dermatoses, micoses e outras afecções cutâneas são melhortratadas aplicando o óleo na pele. O óleo, muitas vezes combinado com outros óleos essenciais e diluído num óleo vegetal, alivia os sintomas. Os especialistas recomendam particularmente esta abordagem para peles sensíveis e para o tratamento pediátrico.
  • No caso de problemas pulmonares, as unções preparadas diluindo o óleo essencial num óleo vegetal são aplicadas no peito e na parte superior das costas para facilitar a respiração e melhorar a saúde dos pulmões. Por fim, para as complicações ligadas ao trato ORL, o óleo essencial pode ser inalado ou difundido.

É essencial sublinhar a importância de adaptar estes conselhos à situação específica e ao indivíduo, respeitando escrupulosamente as precauções de utilização dos óleos essenciais.

Quais são as precauções de utilização?

O óleo essencial de Tomilho Linalol, também conhecido como Tomilho Vermelho, caracteriza-se pela sua suavidade, o que o torna particularmente adequado para ser utilizado tanto por crianças como por idosos, devido às suas pronunciadas propriedades tónicas e anti-sépticas. No entanto, apesar da sua suavidade, deve ser diluído quando aplicado na pele ou difundido.

  1. Quando aplicado na pele, especialmente numa grande área, deve ser diluído a 20% num óleo vegetal (ou seja, uma proporção de 20% de óleo essencial e 80% de óleo vegetal).
  2. A utilização oral é estritamente proibida para crianças com menos de 6 anos de idade e para mulheres grávidas ou a amamentar.
  3. Para a difusão atmosférica, o óleo essencial de Linalol Tomilho não deve ser difundido puro, mas sim diluído entre 5 e 10% com outros óleos essenciais. Embora o óleo essencial de tomilho Linalol seja geralmente suave e adequado para mulheres grávidas (com mais de 3 meses de gravidez) e crianças com mais de 6 meses de idade, é essencial ter um cuidado rigoroso.

Convém sublinhar que existem diversas variedades de tomilho, algumas das quais podem ser perigosas se utilizadas incorretamente. A título de exemplo, os especialistas desaconselham formalmente a utilização do tomilho vulgar carvacrol (Thymus vulgaris sb Carvacrol) e do tomilho vulgar timol (Thymus vulgaris sb Thymol) por mulheres grávidas, lactantes e crianças. Para outras populações, a utilização deve ser cuidadosamente supervisionada e seguir as instruções de um profissional experiente.

O que pensam as autoridades de saúde sobre o tomilho?

Para conhecer a perspetiva das autoridades de saúde sobre o óleo essencial de tomilho Linalol, é necessário examinar as posições e recomendações oficiais emitidas por organismos como a Agência Europeia de Medicamentos (EMA), a Organização Mundial de Saúde (OMS) e outras instituições de referência no domínio da saúde. Estes pareceres reflectem o estado atual da investigação científica e as aplicações aprovadas deste produto no domínio médico.

O que diz a EMA?

  • A Agência Europeia de Medicamentos considera que o tomilho é “tradicionalmente utilizado como expetorante, para tratar a tosse e as constipações”. Recomenda que a sua utilização seja reservada aos adultos e às crianças com mais de doze anos.
  • A comunidade científica reconhece a utilização medicinal de misturas de folhas de tomilho e raiz de prímula(Primula veris ou P. elatior) contra a tosse, quer com uma Autorização de Introdução no Mercado (AIM) que indique as propriedades expectorantes, quer como remédio tradicional contra a tosse associada a constipações, no caso dos produtos sem AIM. Os produtos com autorização de introdução no mercado, que combinam tomilho e prímula, estão reservados aos adultos.

Qual é a posição da OMS sobre a utilização do tomilho?

AOrganização Mundial de Saúde reconhece a utilização do tomilho “contra a dispepsia (digestão difícil) e outras perturbações gastrointestinais, contra a tosse durante as constipações ou a bronquite e como gargarejo contra a laringite e a inflamação das amígdalas”. As propriedades anti-sépticas e cicatrizantes do tomilho são particularmente úteis quando aplicadas localmente. Por exemplo, pode ser utilizado em feridas superficiais da pele e para tratar irritações da boca.

Como é que a Comissão E e a ESCOP vêem o tomilho?

  • A Comissão E do Ministério da Saúde alemão reconhece a utilização do tomilho em “bronquite e tosse produtiva (que produz muco), bem como em constipações”.
  • A Cooperação Científica Europeia em Fitoterapia reconhece a utilização do tomilho “no catarro das vias respiratórias superiores, como tratamento complementar no tratamento da tosse convulsa e para aliviar as irritações da boca e o mau hálito”.

Qual é a história e a evolução da utilização do tomilho ao longo dos tempos?

Muito mais frequentemente encontrado na cozinha do que no armário dos medicamentos, o tomilho é uma dessas plantas com um passado longínquo, como tantas outras à volta do Mediterrâneo. Mesmo que a sua natureza sagrada não seja imediatamente óbvia, o facto é que ilustres antigos lidaram com ele.

Qual é a etimologia da palavra “tomilho”?

Em primeiro lugar, a etimologia oferece-nos algumas pistas interessantes às quais o tomilho pode estar ligado:

  • Thymus – o seu nome latino atual – vem do grego thymos. Na antiguidade, este era o nome dado a várias plantas pequenas e perfumadas da família Lamiaceae.
  • Pensava-se que o thymos tinha algo a ver com perfume, pois as pessoas costumavam queimar tomilho para o fumar.
  • Em segundo lugar, a palavra grega thuô refere-se a sacrifícios oferecidos aos deuses (talvez em ligação com o ponto anterior).
  • Por último, a palavra grega thumus evoca a coragem

Atualmente, a palavra tomilho, estabilizada nesta forma desde o século XIII, parece ter uma ligação com a glândula conhecida como timo. Sabemos que os gregos antigos localizavam a alma neste órgão.

Que papel desempenhava o tomilho na Antiguidade?

Para explorar o papel do tomilho na Antiguidade, é essencial mergulhar no contexto histórico e cultural dessa época. Através da consulta de escritos antigos e de descobertas arqueológicas, podemos traçar a utilização e o significado do tomilho nas civilizações antigas, onde desempenhou um papel crucial nas práticas medicinais, nos rituais e na vida quotidiana.

Como é que os egípcios o utilizavam?

Os praticantes utilizavam esta planta, juntamente com outras como a segurelha, o incenso, a mirra, etc., para efetuar o ritual de mumificação. E não se pode dizer que escolhiam as plantas indiscriminadamente, simplesmente porque conheciam as propriedades dessas diferentes plantas sobre um cadáver. Para estabelecer um paralelo, hoje em dia, o tomilho e a segurelha são utilizados para curar a caça do faisão.

Anti-sético e antibacteriano, o tomilho impede a proliferação de bactérias e melhora a conservação das múmias, algumas das quais sobreviveram até aos nossos dias. Esta é a prova do conhecimento dos egípcios neste domínio.

Para além da fragrância das plantas utilizadas para embalsamar, os embalsamadores tinham um conhecimento profundo das suas propriedades medicinais. Um óleo essencial não camufla um mau cheiro com a sua fragrância, destrói-o. Atualmente, sabemos que muitos odores desagradáveis são causados pela degradação da matéria orgânica.

Como é que era utilizado pelos Gregos e Romanos?

Durante quase mil anos, esta planta foi frequentemente utilizada pelos antigos, tanto na cozinha como na farmácia, e foi mencionada em vários escritos. Hipócrates, o pai da medicina moderna, e Teofrasto, um filósofo, reconheceram a sua utilidade na cozinha. Destacaram igualmente os seus benefícios medicinais. Distinguem o tomilho branco, elogiado pelas suas propriedades medicinais, do tomilho preto, suspeito de provocar melancolia e perturbações biliares.

Estas classificações antigas, baseadas na doutrina das assinaturas, prevaleceram na época. Os escritos de Dioscórides e Plínio adoptam uma abordagem semelhante para a classificação do tomilho. No entanto, também incluem notas relevantes sobre as suas muitas virtudes: expetorante, supressor da tosse, anticoagulante e tónico gastrointestinal. É provável que Plínio seja o primeiro a mencionar o efeito de aquecimento do tomilho.

Ao longo dos tempos, o tomilho foi progressivamente integrado em diversas práticas e rituais médicos. Galeno, um médico antigo, recomendava o tomilho para facilitar o parto. No século V, o médico grego Aécio notou o seu efeito calmante para a psique. Prescrevia-o às pessoas que sofriam de perturbações mentais, raiva ou melancolia. Além disso, a sua utilização não se limitava ao consumo ou à aplicação. Também se estendia aos banhos revigorantes, às fumigações secas para purificar o ar e a várias outras formas de aplicação tópica, como cataplasmas e massagens.

As civilizações antigas deram uma grande variedade de utilizações ao tomilho. Os gregos, por exemplo, usavam-no como incenso nos seus templos e faziam poções que supostamente infundiam coragem e bravura aos combatentes no campo de batalha. A palavra grega “Thumos”, que significa coragem, testemunha esta associação. Plínio elogiava as suas propriedades anti-infecciosas. Desde a Antiguidade, o tomilho é também apreciado como aromatizante, para além das suas propriedades medicinais. Este facto atesta a sua versatilidade e a sua presença duradoura ao longo dos tempos e das culturas.

Como era utilizado o tomilho na Idade Média?

A utilização do tomilho na Idade Média oscilava entre as aplicações médicas, os rituais religiosos e mágicos e a utilização culinária. Era utilizado numa variedade de misturas, desde poções que permitiam às pessoas ver fadas, a remédios para curar várias doenças físicas, como a rigidez do pescoço.

A medicina árabe do século XIII, tal como ilustrada por Ibn al-Baytar, valorizava o tomilho pelas suas propriedades purificadoras e estimulantes. Era utilizado para limpar o estômago e o fígado, aliviar as cólicas, tratar doenças da boca e da garganta e fortalecer os rins. A planta também gozava de uma reputação pela sua capacidade de estimular a cópula.

No século XII, Santa Hildegarda também defendia o tomilho como remédio para doenças tão variadas como a lepra, a paralisia e as infestações de piolhos. Alargando o espetro das suas aplicações, reconheceu e divulgou as suas propriedades anti-putridas. De facto, utilizou a planta em banhos medicinais. Utilizou-a também para fazer emplastros e decocções. Estes métodos destinavam-se a tratar as úlceras, os “maus humores”, as dores músculo-articulares e outros males.

Para além destas utilizações médicas e rituais, o tomilho foi também incorporado em diversas preparações culinárias. É particularmente popular na cozinha provençal, onde é um ingrediente fundamental. Desempenha um papel importante nas ervas provençais, nos bouquets garnis, nos pratos com molho e até na produção de licores.

Ao longo de todo este período, o tomilho viajou, estabelecendo-se fora da sua região de origem graças aos esforços de monges no século XI. Apesar da sua introdução relativamente tardia em certas regiões, a planta tornou-se uma parte integrante das práticas medicinais e dietéticas da época. Constitui um exemplo tangível da mistura de conhecimentos médicos, religiosos e culinários na Idade Média.

Como foi utilizada durante o Renascimento?

Embora Matthiole quase não mencione o tomilho, este encontra-se no bálsamo Opodeldoch de Paracelso (1541). Mais tarde, foi utilizado na composição do chamado bálsamo “tranquilo(por volta do final do século XVII). Na mesma altura, Luís XIV utilizou o tomilho para tratar as dores de dentes. Mais tarde, Nicolas Lémery descreveu o tomilho como um tónico cerebral, digestivo e antitóxico. Tal como Galeno, descreveu também a sua capacidade de favorecer o parto.

Conhecido desde, pelo menos, o século XVI, o óleo essencial de tomilho revela progressivamente os seus segredos. Um dos seus princípios activos, o timol, foi descoberto já em 1719.

Que papel desempenhou nos tempos modernos?

A evolução da compreensão e da utilização do tomilho e, nomeadamente, do seu óleo essencial, intensificou-se de forma notável no início do século XX. Em 1887, Chamberland demonstrou a eficácia bactericida do óleo contra o carbúnculo. Dois anos mais tarde, em 1889, Cadéac e Meunier estudaram a sua ação contra o bacilo tifoide. Em 1894, Mequel evidenciou as propriedades bactericidas dos vapores de tomilho, seguido por Morel e Rochaix em 1921-1922. Estes autores destacaram outras acções antibacterianas contra vários agentes patogénicos. Estes incluem o meningococo e o bacilo de Eberth.

Nos anos 30, o Dr. Henri Leclerc, no seu “Précis de phytothérapie”, elogiava o tomilho não só pelas suas propriedades físicas, mas também pela sua capacidade de reforçar a força moral. Baseia-se em receitas ancestrais. Outros autores do século XX, como Fournier e Valnet, destacaram as diferentes propriedades desta planta aromática. É descrita como tónica, estomacal, peitoral, antiespasmódica e emenagoga. Fournier recomenda a sua infusão nos casos de tosse convulsa e de bronquite crónica, e como compressa para as dores reumáticas.

Na aromaterapia tradicional, o óleo essencial de tomilho tem sido utilizado para tratar uma variedade de doenças. Estas vão desde distúrbios intestinais e urinários a vários parasitas. É também reconhecido como um estimulante eficaz. No século XX, Valnet recomendava a sua utilização para as afecções pulmonares e intestinais. Considerou-a igualmente útil em patologias específicas como a tosse convulsa e diversos parasitas intestinais.

Atualmente, a comunidade científica reconhece as virtudes do timol, a molécula predominante do tomilho. É largamente utilizado no fabrico de uma série de produtos, incluindo sabonetes e cosméticos. É um dos remédios naturais recomendados para as patologias respiratórias, nomeadamente a tosse e as infecções diversas.

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